terça-feira, maio 25, 2004

Contratos Duvidosos


Não faz o nosso género escrever neste blog sobre outros clubes, no entanto o assunto afecta-nos a todos, daí a necessidade de escrever sobre ele.

Não vi ontem o programa da SIC "O Dia Seguinte". Só tomei conhecimento hoje, pela TSF, do tal contrato do Ricardo Rocha com o SLB, assinado em 2002, que pode custar ao SLB o 2.º lugar da Superliga e a Taça de Portugal na presente época.

Acho mesquinho que estas coisas só apareçam a público dois anos depois de terem sido concretizadas. Mesmo que tenha havido má fé por parte do clube em questão não é menos verdade que quem revelou tão tardiamente tal notícia também pode ter agido de má fé. Pelo menos é a conclusão que podemos tirar prevendo a confusão que vai lançar na atribuição dos lugares em questão.

Não gosto que façam aos outros aquilo que abomino para mim.

Tanto quanto me foi dado a conhecer pelos factos, além das responsabilidades quer do SLB, quer do Sporting de Braga, há sobretudo irresponsabilidade por parte da Liga de Clubes e da Federação. nenhum destes órgãos pode insinuar desconhecimento da Lei e, mesmo o seu desconhecimento não iliba os responsáveis. Por isso a Liga e a FPF devem assumir a totalidade das culpas caso se prove que existe alguma ilegalidade e que o SLB não agiu de má fé. Não concordo que o SLB, apesar do regulamento, seja penalizado com derrotas tão tardiamente. Que relevância é que teve o contrato de Ricardo Rocha de 2002, mesmo que indevidamente assinado, nos resultados que o SLB obteve em finais da época de 2003/04.

Toda esta situação é tão ridícula que não vejo que importância possa ter a actuação de um jogador, que foi contratado no início de 2002, em três jogos que se disputaram no final da época de 2003/04.

Não gosto de jogos, ou taças, ganhos na secretaria.

Segundo li na imprensa de hoje, o presidente do SLB, o senhor Luís Filipe Vieira, entrou intempestivamente nos estúdios da SIC, interrompeu o programa em curso ("O Dia Seguinte"), para atirar em todas as direcções. Com esta atitude colaborou na farsa e ajudou a SIC a aumentar a sua audiência. Das duas uma, ou o senhor foi convidado para fazer o seu papel nesta farsa ou a SIC não tem seguranças. Mas caso a solução certa seja a segunda será que não deveria chamar um qualquer corpo de intervenção? Se fosse o presidente de outro clube qualquer teria a SIC tido a mesma condescendência. Este tipo de cenas já não são virgens na SIC, desde que a Lili Caneças interrompeu o "Herman SIC" que ficou provado que estas atitudes dão audiência. Neste caso nem sei quem é o manipulador ou o mainupulado. Seja como for inocência é o que não há nesta encenação.

Estou cheio de futebolês, sobretudo quando este futebolês, deixa de ser uma brincadeira de adeptos para se transformar num ignóbil jogo de interesses mesquinhos.

Os culpados sabemos quem são. Os culpados são a péssima qualidade intelectual, cultural e ética da maioria dos dirigentes e agentes desportivos portugueses, os quais permitem esta falta de transparência e que lhes permite subterfúgios deste tipo que só servem para alimentar ódios e promover a mediocridade.

Hoje ia escrever sobre o corte de relações entre clubes. Esta notícia vem precisamente ao encontro do teor do artigo que ia escrever. As pessoas podem não se falar, podem inclusivamente cortar relações, ninguém é obrigado a ser amigo de quem não gosta, mas quando se está à frente de uma instituição, e em particular de uma instituição desportiva, têm a obrigação de manter relações institucionais.

Os clubes desportivos são instituições, hoje empresas, que não se compadecem com este tipo de atitudes. Qualquer clube, qualquer empresa, pode e deve ser rival das que concorrem consigo relativamente aos êxitos, mas todas têm de colaborar na uniformidade das regras e, quando as leis estão mal feitas devem unir esforços para que não haja discriminações.

O tal sistema de que se fala é o que permite tais ambiguidades e aqui não há inocentes. Todos sem excepção têm contribuido ao longo dos anos para a manutenção deste status quo, porque cada um por si se acha mais esperto do que os outros e, por isso, acha que pode tirar proveitos próprios nos jogos de bastidores.

Não me venham com cantigas, esta podridão é que é o verdadeiro sistema.

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