Fui quinta-feira á noite para Londres e regressei ontem segunda-feira também à noite. Durante uns dias estive fora deste pantanal à beira-mar plantado. Pude estar em harmonia com os contraste da condição humana, aprender a ser mais tolerante e leal.
Um amigo telefonou-me a dizer que o FCP tinha ganho ao Braga e que os mais directos adversários tinham empatado os respectivos jogos. Fiquei contente por saber que o FCP tinha regressado ao primeiro lugar, mesmo não sabendo pormenores da forma como tinham decorrido os jogos.
Esta manhã ao ouvir e ver as primeiras notícias do dia caí em mim, estava de volta.
Nada de novo neste canto lamacento e pardo. Os noticiários abrem com as notícias do futebol como se mais nada se passasse no mundo, como se a nossa vida estivesse dominada pelos erros, ou roubos, dos árbitros. E a crise?... E o desemprego?... E as perseguições religiosas?... E os atentados à liberdade?...
É verdade, em Londres não há ASAE, ainda se pode tirar o açúcar dos açucareiros, o azeite dos galheteiros e, se houvesses papas de sarrabulho, ainda se poderia comer umas belas papas servidas num restaurante em panela de barro e comidas numa malga ou num prato grosseiro, beber um caneco de vinho tirado do pipo ou do garrafão.
Regressei e a única imagem bela que tenho do regresso foi o sobrevoo do Porto à noite
Bolas eu quero lá saber do futebolices, de intriguices, de ordinarices, de politiquices, eu quero é entrar nesse mundo que está a desabar, mas que está a fervilhar de coisas belas que nos obrigam todos os dias a desperdiçar.
Não aceito ser mais manipulado, não aceito ser mais uma peça na engrenagem. Sou livre e o meu pensamento voa atrás da liberdade da possível e da que eu poderei tornar possível, não abdico da minha condição de cidadão do mundo. Não abdico de um mundo multifacetado em que sendo todos diferentes saberemos preservar e respeitar essas diferenças.
Sou um grão de areia que se desloca em sentido contrário ao do vento do deserto.
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