sábado, agosto 21, 2004

Supertaça 2004


Confesso que estava um pouco apreensivo quanto ao desfecho deste jogo.

De um lado temos uma equipa que iniciou a sua preparação há bastante tempo, tem tido praticamente todos os seus jogadores disponíveis, não tem sofrido lesões de monta e já entrou em competição por um lugar na Champions League, isto é, o SL Benfica.

Do outro uma equipa em que quase todos os seus jogadores competiram até muito tarde na época anterior, verificaram-se saídas de vulto, aconteceu o erro da contratação de um treinador sem perfil para a equipa, carregada de lesões e de jogadores castigados, com quatro jogadores que 48 horas antes tinham feito jogos pelas respectivas selecções nacionais, recheada de caras novas que necessitam de tempo para adaptação, com um novo treinador chegado há pouco mais de 8 dias e sem tempo para conhecer o plantel (curiosamente alguns dos jogadores que utilizou só os conhecia de ver actuar na televisão), que tinha disputado recentemente um jogo em que a "virilidade" ultrapassou o razoável e deixou marcas disso, isto é o FC Porto.

Havia à partida um grande handicap para uma das equipas e, estou em crer, que o SLB teve a sua melhor oportunidade para derrotar o FCP esta época.

Depois de todos estes considerandos há o terreno do jogo. Este assunto já foi aqui tratado noutro post, mas nunca é demais dizer que a responsabilidade de desprestigiar a Supertaça, convocando este jogo para um relvado mais adequado a futebol de praia, vai inteirinha para a FPF. Felizmente que não se verificaram lesões graves que o terreno propiciava, embora, segundo tudo indica, Diego irá ficar parado pelo menos três semanas.

Quanto ao jogo em si foi bem disputado e a um bom ritmo, sobretudo tendo em atenção que estamos no princípio da época, pois o tempo útil de jogo foi superior a 60 minutos, apesar das péssimas condições do relvado proporcionarem muitas quedas e contacto físico e, consequentemente, algum tempo de interrupção para a marcação das respectivas faltas. Por falar em faltas é de enaltecer a actuação do árbitro, Carlos Xistra, que tirando uma ou outra má decisão, mais por culpa dos auxiliares do que de si próprio, esteve à altura do grande acontecimento, contribuindo com uma exibição altamente positiva para o espectáculo. Excelente também o profissionalismos dos jogadores que apesar de alguns ódios exacerbados entre as duas equipas, se comportaram condignamente para a valorização do jogo em particular e do futebol em geral.

Quanto ao desenrolar do jogo, e de acordo com todas as condicionantes atrás referidas, o resultado ao intervalo era francamente lisonjeiro para o nosso FC Porto. Na segunda parte Victor Fernandez fez algumas rectificações de ordem táctica e a equipa passou a jogar de outra maneira, mais ligada e eficaz. Depois, aos 12 minutos, o momento mágico, grande abertura de Carlos Alberto, desmarcação de Quaresma que finta Argel e remata para o golo, batendo Quim sem apelo nem agravo. Estava feito o resultado. Daqui até ao fim foi gerir a vantagem e o momento mais aflitivo para a defesa do nosso FCP até foi criado por um atraso defeituoso de Seitaridis.

No fim compreendo que Trapattoni tenha afirmado que mereciam o empate para discutirem o resultado no prolongamento, mas a verdade é que os defesas também jogam e para ganhar é preciso saber ultrapassá-los. É certo que o FCP foi feliz nalgumas ocasiões, mas a felicidade faz parte do jogo e o futebol é feito de imprevistos e momentos de génio como foi o caso do golo que deu a vitória ao FC Porto.




De parabéns também Vítor Baía, que com esta vitória passou a ser o jogador que, a nível mundial, alcançou mais troféus.

Numa partida em que quase tudo correu bem, nota negativa só para uma parte do público afecto às duas equipas, que se envolveu em cenas lamentáveis antes e no intervalo do jogo. É certo que alguns sectores do público não merecem estar sentados num estádio de futebol, pois em vez de vibrarem com o jogo e apoiarem as respectivas equipas, aproveitam a mais pequena picardia para estragar o espectáculo. Costuma-se dizer que os exemplos devem vir de cima e como se viu com a recente performance de Ferreira Torres, autarca do Marco de Canavezes, as consequências que daí advieram só nos revelam que os elementos mais nocivos do futebol são mesmo os dirigentes federativos, da liga, ou, em alguns casos, dos próprios clubes. As únicas notas negativas vão, então, para uma parte dos adeptos (de ambas as equipas) que insistem em comportar-se como autênticos animais e, sobretudo, para a FPF, que era a entidade que tinha a responsabilidade de organizar o jogo, mas como este encontro não é destacado nas instâncias internacionais não fica ferida a vaidade de ninguém, porque internamente todos se protegem uns aos outros. Quem está mal servido de dirigentes desportivos é o futebol português.

1 comentário:

Anónimo disse...

http://album.ubbi.com.br/fotoalbum/listadefotos.asp?Id_Album=80585

Para quem quiser fotos do Baía. Ainda não está completo, vou pondo fotos sempre que tiver um tempinho.